Personagem da Rodada: A Vila Belmiro Vazia

Estreio hoje aqui no "Esporte e Mídia" a minha coluna "Personagem da Rodada". Fico muito grato pelo convite, que partiu da querida amiga Márcia Pereira, e contou com todo o acolhimento dos sensacionais Henrique Neves e Amanda Alvarez. Como santista que sou, escolhi hoje falar da Vila Belmiro vazia. Uma tristeza!

A Vila: o vazio

Para quem ama o futebol, a coisa mais triste que se pode ver é um jogo sem torcida, uma arquibancada vazia. Ontem a Vila Belmiro foi um palco esvaziado de um triste duelo entre Santos e Flamengo. Por conta de atos de vandalismo no último Santos x Corinthians, no dia 22 de junho, com torcedores atirando rojões e sinalizadores para dentro do gramado, não restou às autoridades outro remédio senão interditar a Vila. Para a minha tristeza. Não só, como é evidente. Mas se a minha tristeza não foi sozinha. Ela também não foi, sem dúvida, superada em intensidade: podem ter sofrido igual, mas mais do que eu, não: a Vila vazia fez meu coração em migalhas.

Meia dúzia de “torcedores” (torcedores entre aspas, porque ninguém pode ser torcedor e fazer o que eles fizeram) foram os responsáveis pelo embargo. As autoridades foram lá na frente do nosso amado estádio e passaram o lacre. Não foi possível haver festa no domingo à tarde, no local em que o Rei Pelé simplesmente elevou a estado de arte uma coisa rudimentar que é 22 homens correndo atrás de uma bola, a dar pontapés nela e uns nos outros.

A Vila: as emoções

Eu ia muito a Vila. Ia a todos os jogos. De uns tempos para cá, fui sendo mais seletivo. Passei a ir apenas aos jogos de domingo, quando o meu querido Peixe recebe outro grande time da Série A para duelar em um dos palcos mais históricos do futebol mundial, que é a sagrada Vila Belmiro.

São coisas difíceis de explicar as sensações que me ocorrem quando passo pela entrada e sigo até as arquibancadas desse estádio tão mítico. Sou de Santos, vivo aqui, casei aqui, educo a minha filhinha aqui. Mas não tem uma vez que eu não entre na Vila Belmira numa tarde/noite de domingo sem me emocionar e sem entender perfeitamente que aqui neste campo se escreveu, talvez, a história mais bonita que esse esporte planetário já criou, que é a história do nosso grande, imenso, gigantesco, Rei Pelé, um menino brasileiro que se tornou o maior jogador de futebol de todos os tempos.

A Vila: a tristeza

Assim, emocionado com tudo isso, é que elejo a Vila Belmiro como minha “Personagem da Rodada”. Vê-la, tão silenciosa, permitindo que alguns jogadores lá batessem uma bola (o jogo não pareceu ter sido praticado por profissionais), me deu dó. Por que a emoção do futebol pode chegar a acessar atitudes tão violenta nas pessoas? Isso é uma coisa que eu não sei explicar. 

O Santos terá de jogar, pelo menos, por um mês com os portões da Vila fechados para seus torcedores. Se diz que é com a ausência que notamos a presença de algo. Foi com a ausência da torcida neste domingo que sentimos mais uma vez o quanto a sua presença é fundamental para a alegria e a poesia do jogo

Muitos se perguntam de onde vem a beleza do futebol. Se vem do gol, se vem do jogador, se vem da bola, do gramado, da chuteira… A beleza do futebol vem dessa energia que é criada quando os seres humanos se reúnem para festejar. Festejar o que? Festejar a si mesmo, o quanto são belos quando fazem o bem para si. A tristeza do futebol é o oposto: quando os seres humanos fazem mal para si, é o vazio que reina. A Vila Belmiro não merece isso.

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