Antes, durante e depois: o UFC 294 foi um dos eventos mais aguardados do MMA do ano, e segue gerando polêmicas quase uma semana depois de sua conclusão. Johnny Walker, um dos poucos brasileiros mantidos na programação do evento, enfrentou o russo Magomed Ankalaev, em uma luta que prometia emoções intensas. Entretanto, o confronto que poderia encaminhar Walker para uma disputa de cinturão acabou de forma inusitada e repleta de polêmicas.
Joelhada ilegal
Em determinado momento da luta, o russo aplicou uma joelhada ilegal em Walker, que não estava em posição de recebê-la. O brasileiro titubeou, e um médico da Liga foi chamado ao octógono para avaliar as suas condições físicas para continuar lutando. Foi aí que aconteceu um problema de tradução.
Walker, em entrevista ao MMA Fighting, explicou que estava determinado a continuar o confronto após uma joelhada ilegal, mas o médico interpretou mal suas respostas e pediu ao árbitro para encerrar o combate. Walker compartilhou:
“Ele me perguntou se eu queria continuar lutando. Eu disse sim. Ele perguntou: ‘Onde você está?’ Eu não queria dar a resposta errada porque fiquei animado quando ele estava fazendo o teste e queria dar a resposta certa. Pensei em dizer Abu Dhabi e, então, disse: ‘Tudo bem, estou na p*** do deserto, mano. Estou aqui. Estou bem. Estou no deserto. Estou no Oriente Médio.'”
Vale lembrar que a cidade de Abu Dhabi foi, literalmente, projetada e construída no deserto. É entendível que o lutador, experienciando a adrenalina de um octógono, tenha dito a primeira coisa que lhe veio à cabeça. O fato de nenhum dos dois serem nativos no idioma resultou num gravíssimo problema de tradução, o qual resultou na suspensão da luta.
Dana precisou intervir
Dana White, o presidente do UFC, também esteve presente na agonia. Ele foi obrigado a subir no octógono, claramente incomodado com a postura determinada de Walker em continuar a luta, mesmo após decretada a sua suspensão. White atribuiu a falha de comunicação entre o médico e o lutador à barreira linguística, explicando:
“O cara é inexperiente, aconteceram muitas coisas. Ele perguntou para Johnny ‘onde você está agora?’ e ele respondeu ‘estou no deserto’. Ele não estava errado. É um saco, acontece, mas vamos corrigir […] Não parecia que a coisa ia na direção certa, por isso eu entrei”, disse White.
No contest
Com um resultado de “no contest,” a decisão gerou frustração generalizada, sobretudo para o brasileiro. Vale lembrar que tanto Charles do Bronx quanto Paulo Borrachinha foram retirados às vésperas do evento por questões de saúde, sendo Johnny, um dos poucos brasileiros restantes. Walker, que esperava lutar pelo cinturão em um compromisso próximo, expressou sua decepção com o resultado, enfatizando a intensidade com a qual lidava:
“É muito complicado porque você vai a mil quilômetros por hora, está lutando pela sua vida e pela sua carreira, esperançosamente consegue uma chance pelo título depois, e tudo acaba, é muito decepcionante.”
Essa incômoda questão no UFC 294 certamente marca negativamente a organização, levantando questionamentos sobre as decisões e responsabilidades atribuídas dentro daquela que ostenta o título de “maior Liga de MMA do mundo”.
Veja a repercussão:
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Henrique Neves é antropólogo por formação, mas esportista por natureza. Apaixonado por vôlei, aprendeu a jogar ainda pequeno. Escreve sobre esportes e ama praticar esportes radicais. É formado em Comunicação pela PUC-Rio. Fã de Vinicius Jr, torce pelo Flamengo.