Não dá pra negar, um dos maiores eventos esportivos de 2023 é a Copa do Mundo Feminina de Futebol. Um prato cheio para as marcas globais demonstrarem todo o seu apoio às mulheres no esporte. Adidas, Coca-cola, Visa e Hyundai são apenas algumas delas, sem se esquecer das marcas locais, que circulam nos países-sede, Austrália e Nova Zelândia.
Quem também ficou de olho numa cota de patrocínio foi o Governo da Arábia Saudita, o qual tem chamado atenção com seus contratos corpulentos e um interesse cada vez maior em fazer parte da indústria esportiva.
Opa, peraí
Sim, os esforços dos sauditas em chamar atenção no futebol têm dado resultado. As contratações de Cristiano Ronaldo e Karim Benzema a peso de ouro ajudam a tornar mítica a ideia de que o dinheiro deles é interminável, e de que são um grupo forte e conquistador. Foi com essa tática de dominação que eles tentaram se tornar um dos patrocinadores do Mundial Feminino de Futebol: mas não conseguiram.
Visit Saudit
O objetivo do governo saudita era conseguir vincular sua imagem ao Mundial , apoiando-o através de uma estratégia de marketing, criada pela autoridade nacional de turismo no país. A movimentação vinha acontecendo desde o início do ano, de forma sutil: “Visit Saudit” era o nome da campanha.
No entanto, ao contrário do que se tem observado nos últimos tempos nas modalidades masculinas, onde não se encontrou a menor restrição, a tentativa saudita de garantir seu quinhão na Copa Feminina acabou encontrando forte negativa, começando inclusive por parte das atletas.
Muitas vozes de peso no futebol feminino resolveram se manifestar contra essa investida do governo do Oriente Médio, conhecido por ser essencialmente sexista. Alex Morgan, uma das principais atletas da Seleção dos Estados Unidos, tendo sido vencedora das duas últimas edições, foi uma das que não puderam se calar, posicionando-se contra esse possível patrocínio:
“Moralmente, é algo que não faz sentido. É bizarro que a Fifa aceite um patrocínio da Visit Saudi, quando eu, Alex Morgan, não seria apoiada ou aceita naquele país. Não compreendo. O que a Arábia Saudita deve fazer é apoiar sua seleção feminina criada recentemente, mas que nem sequer aparece no ranking da Fifa de tão poucos são os jogos em que participa. Quanto à Fifa, espero que tome a decisão certa”.
Fim de papo
E foi frente a um monte de críticas que a organização do Mundial decidiu vir a público, no mês de março e encerrar as conversas, entendendo que a política imposta por aquele governo não condiz com os ideais de Direitos Humanos praticados em todo ocidente.
Ao menos desta vez, os organizadores e as marcas envolvidas na realização do evento estiveram mais sensíveis a questões relacionadas à dignidade humana. Talvez pelo fato da grande vergonha passada com o Mundial Masculino de 2022.
Contribuiu para isso o fato da FIFA e as empresas apostarem no discurso de empoderamento feminino, diversidade, igualdade e inclusão. Valores e práticas as quais colidem com a realidade de países como a Arábia Saudita, onde mulheres e pessoas LGBTQIA+ são perseguidas e negadas a terem os direitos essenciais. O país só passou a contar com uma seleção feminina no ano passado, tamanhas são as barreiras para a participação das mulheres em qualquer setor da sociedade.
Vale lembrar que o principal argumento da campanha, na época em que a parceria era cogitada, o alegado era o dinheiro da Visit Saudi seria usado para “impulsionar o futebol feminino ao redor do mundo.”
Veja sobre o assunto no Twitter:
Siga @esporteemidiabr no Instagram e Twitter e tenha acesso às nossas novidades através das redes sociais.
Aposta nas melhores casas de apostas do dia 27 de Setembro 2023
Amanda Alvarez aprendeu com o seu pai todas as regras do futebol. Podia ser árbitra, se não tivesse escolhido o Jornalismo com ênfase em cobertura esportiva. Esteve nas Copas do Qatar e da Rússia, repercutindo o Mundial de Futebol para o público brasileiro. Torcedora do Santos, é súdita do Rei Pelé e Lucas Paquetá.