Reportamos ontem, aqui mesmo no Esporte e Mídia, a notícia de que a ex-futebolista sueca Nilla Fischer, hoje com 38 anos, revelou que para disputar a Copa do Mundo de futebol feminino em 2011, ela e suas colegas de seleção tiveram que se submeter a um exame invasivo. Tal exame buscava, por meio de verificação da genitália das atletas, atestar que as mesmas eram realmente mulheres.
Depois que a atleta sueca fez esta revelação, muitos começaram a se questionar se ainda hoje estes exames invasivos fazem parte do regulamento de grandes eventos esportivos, como a Copa do Mundo. Tais questionamentos vêm em boa hora, pois agora em 2023 vai ocorrer a Copa do Mundo de futebol feminino, evento que será sediado em dois países: a Nova Zelândia e a Austrália.
FIFA solicitou, mas depois aboliu
Por 8 anos a FIFA exigiu das seleções associadas exames e laudos médicos que comprovassem a feminilidade das atletas que fossem disputar competições abrigadas pela entidade máxima do futebol. Tal medida surgiu precisamente um pouco antes do Mundial Feminino de 2011, disputado na Alemanha. A FIFA alegou que, dada a possibilidade de fraude em algumas confederações (dizia-se que a confederação da Guiné Equatorial estava tentando inscrever homens no lugar de atletas mulheres), fazia-se necessário a prova “científica” de que as atletas eram mesmo mulheres.
Depois de forte pressão de toda comunidade do futebol feminino, este tipo de exame foi abolido pela FIFA em 2019. O argumento era simples e direto: a entidade máxima do futebol não exigia tal exame para atletas que competem na modalidade masculina. Portanto, está configurada uma óbvia inclinação misógina por parte da mesma.
A prática que é aceite entre as atletas e toda a comunidade do futebol feminino é a dos exames regulares de antidoping, exatamente da mesma forma como ocorre com o futebol masculino. Caso, neste tipo de exame, se verifique taxas hormonais que suscitam maiores questionamentos, daí em diante, portanto, irão ser estabelecidos mais procedimentos para verificar o gênero de tal atleta. Tudo seguindo um protocolo respeitoso que, 2011, era algo totalmente distante e alheio.
Prática ainda existe em algumas entidades
Desde 2019 que a FIFA de fato aboliu a exigência do exame, cedendo ao bom senso e à pressão da comunidade feminina do futebol. Porém, em alguns contextos onde se pratica o futebol feminino, tal exame é ainda uma obrigação. A Copa Africana de Nações é uma das que ainda exigem testes e laudos por parte de suas confederações associadas.
Procure acompanhar o Twitter da Seleção Brasileira de Futebol Feminino. O Brasil vai jogar a Copa de 23, que será sediada na Nova Zelândia e Austrália:
Tweets by SelecaoFemininaAposta nas melhores casas de apostas do dia 12 de Dezembro 2024
Amanda Alvarez aprendeu com o seu pai todas as regras do futebol. Podia ser árbitra, se não tivesse escolhido o Jornalismo com ênfase em cobertura esportiva. Esteve nas Copas do Qatar e da Rússia, repercutindo o Mundial de Futebol para o público brasileiro. Torcedora do Santos, é súdita do Rei Pelé e Lucas Paquetá.