As coisas não andam nada bem para a confraria dos e-sports. O que antes era considerado a maior aposta no ramo da tecnologia, enfrenta nos últimos meses uma crise jamais experienciada antes. Veículos da imprensa internacional relatam demissões em massa, cortes abruptos nos gastos e falências no setor.
A Copenhagen Flames, uma das ‘orgs’ mais conhecidas do ramo, declarou falência no início do mês, trazendo a constatação de que o fenômeno é um sintoma grave da instabilidade pelo qual esse mercado atravessa.
A febre passou
A falência dos dinamarqueses já vinha se desenhando. Sem recursos para continuar operando, a organização decidiu fechar suas portas no início desse mês. Cortes, como o do orçamento de marketing já indicavam uma tragédia anunciada.
O que impressiona são os valores atribuídos a essas equipes, todas cotadas nas principais bolsas de valores do mundo.
A FaZe Clan, por exemplo, uma das maiores organizações de esportes eletrônicos do mundo, estava avaliada por US$650 milhões em julho de 2022. Hoje, menos de um ano depois, títulos da empresa podem ser negociados por U$0,50. Ainda em funcionamento, estudam reverter a abertura do capital, tendo em vista o franco declínio dos investimentos na área. Somente em fevereiro foi preciso demitir 20% do seu corpo de funcionários.
Como nada é fácil nessa vida, querer fechar o capital não é algo tão simples, que passa por uma tomada de decisão: a companhia precisa apresentar investimentos na casa dos U$60 milhões: valor muito alto para quem assiste de camarote as suas ações despencarem.
Só ladeira abaixo
A má fase é para todos. Outra célebre companhia do setor, a TSM, presença constante em torneios de Counter Strike, Fortnite, Valorant e League of Legends, anunciou que deverá pausar seus investimentos, e possivelmente vender a vaga no LCS, liga norte-americana de LoL.
A crise generalizada afetou diversas organizações: a Tricked Sports encerrou suas atividades, declarando necessidade de direcionar esforços para projetos mais rentáveis. Em março, a Heroic convocou uma reunião com os investidores, alertando sobre os problemas estruturais e pedindo mais dinheiro. A quantia levantada não chegou a um terço, e as coisas seguem em direção à derrocada.
Já a Astralis, outra célebre, viu o valor de suas ações caírem de U$8,80 para U$1,92.
No bolo doido, é possível citar ainda a 100 Thieves, CLG e a The Guard: todas lidando com queda das ações, demissões em massa, fuga dos investidores e das verbas de patrocínio.
O que se pode tirar dessa situação
Para a especialista em investimentos de riscos, Marlene Costa, essa é uma situação que ilustra bem a instabilidade do mercado, e a necessidade de se cuidar dos investimentos: “Muito cuidado com as febres de consumo, e com os valores associados a ideais que não sejam autossustentáveis: games são e sempre foram entretenimento individual, ou voltado para pequenos grupos” reflete a economista.
“Pensar em grandes organizações, com capital aberto e avaliadas em milhões na NASDAQ pode parecer um sonho para todo jogador. Mas é preciso estudar bem a viabilidade a longo prazo dos nossos próprios investimentos. Lamento por quem tenha perdido suas economias com essa onda, e parabéns aos que conseguiram abandonar o barco antes de ver esse Titanic afundar.” Concluiu, bem humoradamente.
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Henrique Neves é antropólogo por formação, mas esportista por natureza. Apaixonado por vôlei, aprendeu a jogar ainda pequeno. Escreve sobre esportes e ama praticar esportes radicais. É formado em Comunicação pela PUC-Rio. Fã de Vinicius Jr, torce pelo Flamengo.