Coluna do Professor #388, por Albio Melchioretto (Homofobia não é liberdade de expressão)

Há algumas semanas, a DC Comics anunciou que o novo Super-Homem, filho de Clark Kent, se descobrirá bissexual nas próximas edições das histórias em quadrinhos. Após a publicação da editora, Maurício Souza, ex-jogador do Minas Tênis Clube, postou a foto do Super-Homem e fez críticas à decisão da DC. O Minas se manifestou ainda na segunda-feira sobre a publicação do jogador. O clube disse que respeitava a liberdade de opinião de cada atleta, mas que não aceitava declarações homofóbicas. As palavras do jogador na postagem que deu origem a esta discussão, foram, “Ah é só um desenho, não é nada demais. Vai nessa que vai ver onde vamos parar.”

Não gosto de maratonar séries, prefiro aproveitá-las em pequenas doses. Há tempos vejo Jeannie é um gênio (I Dream of Jeannie, EUA, 1965-1970), através da PlutoTV. O seriado é machista e reduz a gênia a um papel serviçal. Ela é submissa pela condição de mulher e não pela condição de “gênia”. A criação de Sidney Sheldon retrata o lugar ocupado pela mulher na sociedade estadunidense dos anos de 1960 e como as práticas de submissão da mulher foram naturalizadas.

Jeannie não tem relação com o caso Maurício Souza. Em vez de falar da covardia do jogador quero focar, como as pessoas são rasas ao ponto de naturalizar a homofobia. Parece que o seriado de Jeannie continua na atualidade onde o macho branco acha-se no direito de oprimir todos e tudo e ainda ser canalha ao ponto de justificar-se religiosamente. Transcrevo algumas frases que retirei da postagem da crítica de Felipe Andriole (G1) ao posicionamento do jogador

Albio Melchioretto
albio.melchioretto@gmail.com
@professoralbio

O jogador defendeu seus valores.
Ele tem direito a opinião.
Os comunistas estão incentivando os gays.
A lacração começou. É muito mimimi….
Pela família brasileiras de bem.

Os idiotas vão dominar o mundo, não pela qualidade, mas pela quantidade. Entre os críticos de Felipe e os defensores da chamada de Maurício Souza não vi argumentos, apenas falas rasas. Elas são problemáticas por dois motivos, pela incapacidade intelectual de pensar um problema e pela naturalização da homofobia. Com ela perdemos a chance de discutir a ausência de políticas públicas para superar a violência LGBTQIA+; discutir o papel social de atleta profissional; da necessidade de desnaturalizar a violência. O Minas Tênis Clube demitiu o jogador apenas depois da posição do patrocinador. O clube acovardou-se duas vezes, primeiro por aceitar a presença de um discurso homofóbico e segundo, a ação tardia apenas por pressão financeira. Precisamos discutir o que de fato é valor e o que é imposição econômica.

Vivemos num país que naturalizou a violência de gênero, que acredita que qualquer insanidade é opinião e que a resistência é mimimi. Vivemos em tempo de crise de cérebro. E sobre Maurício Souza, apenas uma coisa: homofobia é crime, e lugar de criminoso não é na quadra de vôlei!

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