ATITUDE DA FOOTBALL ASSOCIATION É CONTRADITÓRIA AO PUNIR O LIVERPOOL
Liverpool estabeleceu umas das formas mais consistentes de protesto ao longo semana. Não foi o protesto de um jogador, um treinador, mas uma instituição contra a loucura comercial que se tornou o excesso de jogos no calendário mundial do futebol. Poderíamos falar do Brasil, mas, no mínimo, seriamos levianos, se não olhássemos a confusão que são os calendários em outras praças. A questão deveria despertar um debate mais intenso para racionalização do calendário do futebol em nível mundial.
O Liverpool, no jogo de terça, teve um acordo muito interessante para que Jürgen Klopp não fosse ao jogo replay da FA Cup contra o Shrewsbury em casa, enquanto o time U23 se responsabilizasse pelo jogo. Time e treinador, comando por Critchley, técnico da base. O treinador expressou a vontade de parar em meio ao calendário congestionado que vive. O clube inglês armou um esquema junto a LFC TV (canal oficial do clube) para que ele pudesse acompanhar o jogo e que os jogadores do time principal pudessem descasar.
Diante de tudo isso, os ingressos par ao jogo foram drasticamente reduzidos. O torcedor foi avisado, respeitado e a competição seguiu. Liverpool venceu por um tento a zero, o suficiente para passar de fase. Na contramão, The Football Association (FA), decidiu cortar mundialmente o sinal da transmissão por represália ao Liverpool, alegando que o clube não dá o valor necessário a competição. Fatos postos na mesa, vamos a alguns questionamentos.
Albio Melchioretto albio.melchioretto@gmail.com @professoralbio |
Supomos que na véspera do jogo, o time tenha sofrido com uma indisposição alimentar, e fosse obrigado a pôr o time U23 para jogar, haveria punição? Provavelmente não. A FA decidiu privar o torcedor para punir uma intencionalidade. Mas a punição acontece diante da disposição permitida pelo regulamentado. O que me parece muito injusto. O Liverpool assumiu o risco de eliminação frente a um time da terceira divisão, o fez, calculou o continuar da temporada de acordo com uma linha de escolhas, interesses e prioridades. A FA ultrapassou a barreira do aceitável, cerceando o acesso do torcedor. Se a moralidade proposta estivesse em torno da competição, haveria um regulamento preciso quanto a substituição de jogadores. Mas pelo visto, é uma briga de egos feridos.
Evidente que os clubes assinam e concordam com os termos postos nas competições. Tamanho protesto deveria acontecer no início da temporada. Penso que alguns clubes devessem se posicionar contrário a participação das competições em excesso e que não trazem retorno esperado. Minha esperança é que a postura tardia, possa trazer luz ao debate daquilo que de fato devesse ser prioridade para os clubes. O outro ponto é o respeito ao torcedor do futebol. O indivíduo que assinou um serviço de transmissão o fez para receber a competição. Se um time põe as estrelas ou aspirantes, a decisão de acompanhar ou não cabe ao assinante e não a federação. Verdadeiro atentado ao direito daquilo que adquiriu a possibilidade de ver.
Tão nocivo quando a FA foi a Conmebol que censurou imagens dos protestos chilenos, no jogo entre La Católica versus Internacional.
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Henrique Neves é antropólogo por formação, mas esportista por natureza. Apaixonado por vôlei, aprendeu a jogar ainda pequeno. Escreve sobre esportes e ama praticar esportes radicais. É formado em Comunicação pela PUC-Rio. Fã de Vinicius Jr, torce pelo Flamengo.