As polêmicas envolvendo a arbitragem já parecem ter virado moda no futebol brasileiro. Semana após semana, rodada após rodada, as discussões em torno desses erros e acertos dos nossos árbitros tomam conta das rodas de conversas nos bares, nos grupos de WhatsApp, nos papos entre amigos e entre a imprensa nacional.
A bola da vez é a polêmica envolvendo o repórter da TV Globo, Eric Faria e o Santos. Em partida válida pelas Quartas de Final da Copa do Brasil entre o time paulista e o Flamengo, o juiz voltou atrás um bom tempo depois de marcar um pênalti que poderia selar uma virada histórica para o peixe. Logo começaram as teorias sobre uma possível interferência externa.
A polêmica foi agravada pelo fato de o Santos entrar com um denúncia formal contra o jornalista Eric Faria. O clube da baixada santista afirmou que o repórter foi o responsável por avisar ao então árbitro que o pênalti não teria existido. O profissional nega.
Agora vamos ao problema maior da questão. Se a equipe faz uma denúncia de tamanha magnitude como esta, ele precisa saber o que está dizendo e quem está acusando. Ora, se o Santos tem a certeza do que está fazendo, é preciso apresentar provas. Não se pode acusar ninguém sem ter total certeza do que ocorreu.
Aécio de Paula Colunista do esporteemidia.com @TorcidaBrasil2 |
Uma denúncia dessas trás consequências para a vida das pessoas envolvidas. Em entrevista, o jornalista afirma que recebeu várias ameaças de morte por parte de torcedores. Há de se ter responsabilidade com a denúncia que se apresenta. Em tempos de barbárie no futebol não seria difícil imaginar que algo acontecesse com ele depois desse episódio. Seria um absurdo. Inocente ou culpado, não é assim que se resolvem as coisas. Pelo menos não em sociedades com o mínimo de civilidade exigida nos nossos tempos.
Na denúncia oficial apresentada pela equipe, o Santos pede ainda que jornalistas sejam impedidos de trabalhar na beira do gramado, uma tradição da imprensa esportiva. Ora, afinal quem o Santos está acusando? O Eric? A Globo? A Mídia em geral? Se ficar comprovado que o jornalista global teve culpa, que se puna o Eric e a emissora. Jamais se pode estender o erro de um para os outros. A imprensa não pode ser vista como algo de caráter homogêneo.
Apresente as provas, presidente. Puna os reais culpados, se eles existirem. Caso contrário, vai ficar parecendo que o clube não quer ajudar a arbitragem brasileira, e sim apenas tumultuar e fazer barulho, nem que pra isso tenha que se colocar a vida de um pai de família em risco. Represente o Santos com a grandeza que ele merece. Não com a pequenez de um senhor que estimula a violência dentro de um esporte já demasiado violento.
Mas se engana quem pensa que a atitude se resume ao Santos. Os dirigentes brasileiros em geral estimulam a violência, seja apoiando os grupos de torcidas organizadas, seja colocando lenha na fogueira dos torcedores quando casos assim acontecem. Absolutamente nenhum está preocupado com a qualidade da arbitragem como um todo. É um direito deles. Mas colocar em risco a vida de quem se dedica a trabalhar na divulgação do próprio do esporte, é mais do que irresponsabilidade.
É covardia.
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Henrique Neves é antropólogo por formação, mas esportista por natureza. Apaixonado por vôlei, aprendeu a jogar ainda pequeno. Escreve sobre esportes e ama praticar esportes radicais. É formado em Comunicação pela PUC-Rio. Fã de Vinicius Jr, torce pelo Flamengo.