Na última terça-feira, 5 de dezembro, o jornal L’Équipe revelou o procedimento adotado pelas autoridades francesas no caso do ex-treinador do PSG. Galtier está sendo acusado de “assédio e discriminação com base na pertença ou não pertença, real ou suposta, a um determinado grupo étnico, nação, suposta raça ou religião”.
Até o momento, Galtier nega todas as acusações. No entanto, a imprensa esportiva francesa trouxe à tona depoimentos de jogadores e trabalhadores do grupo Nizardo que confirmam a veracidade das acusações.
Julien Fournier, diretor esportivo do Nice, é um dos que confirma a gravidade da situação:
“Se eu explicar as verdadeiras razões, ele nunca mais entrará em um vestiário na França ou na Europa”, assegurou.
Fréderic Goria, assistente do treinador do Nice, conta que ouviu Galtier se queixar de uma contratação uma vez. Esta seria a do argelino Bilal Brahimique, que se juntou à equipe em janeiro de 2022:
“Outro muçulmano, não quero mais, já temos o suficiente”, teria dito o francês.
Segundo Hachim Ali Mbaé, Galtier utilizou o insulto racista “King Kong” para se referir a dois jogadores do Saint-Étienne. O então analista de vídeo do Nice relatou que, durante um jogo dos Aiglons na temporada 2021-2022, o treinador recorreu a Mickaël Nadé e Harold Moukoudi dessa forma. Mbaé revelou também que, numa conversa com o treinador, este descreveu os argelinos Atal e Boudaoui como “tipos sujos”.
Ex-treinador pressionado no Ramadã
Vários membros da equipe técnica comentaram que o treinador francês não gostava da observância do Ramadã. Hachim Ali Mbaé explicou às autoridades por que Galtier recusou contratar Islam Slimani. O treinador alegou que a participação do argelino na Taça das Nações Africanas de 2022 condicionaria a temporada e que o Ramadã diminuiria o desempenho do clube.
Burak Yilmaz disse que a decisão foi dele de não fazer jejum em dias de jogo. No entanto, confessou que o treinador teve problemas com outros jogadores muçulmanos do Lille em relação a essa prática. Todibo declarou que Galtier exerceu pressão sobre ele para quebrar o jejum. Confessou também que soube através de alguém que o treinador se referia a ele como Salafista e extremista.
Por seu lado, Hicham Boudaoui comentou que também se sentiu sob pressão durante as datas do Ramadã. O mesmo se aplica a Teddy Boulhendi, que disse ter-se sentido condicionado a comer nos dias de jogo ou a não ser selecionado.
Um email pode encalacrar Galtier
A única pista sobre as acusações contra Galtier é um email que ele enviou ao diretor esportivo do Nice. Nessa mensagem, informava-o de que Bilal Brahimi não foi incluído numa convocatória para enfrentar o Rennes. Fournier respondeu à carta, alegando que a decisão não tinha sido tomada por causa do Ramadã.
Galtier afirmou que “nunca tinha tido problemas com um jogador religioso” e deu o exemplo de Burak Yilmaz, um jogador do Lille que treinou em 2021. O turco foi o único a defendê-lo nas redes sociais desde que o escândalo explodiu.
Do PSG para o Al-Duhail
Apesar da prisão de Galtier e seu filho em junho deste ano por alegações de racismo, foi por outras razões que o PSG decidiu demitir o treinador.
Depois de 12 meses no comando e com Messi, Mbappé e Neymar, a equipe parisiense quase não tinha conquistas para mostrar: 34 vitórias, 6 empates e os títulos da Ligue 1 e da Supertaça.
No entanto, o que definiu seu destino no Parque dos Príncipes foi a eliminação nas mãos do Bayern de Munique nas oitavas de final da Liga dos Campeões. Em outubro, o Al-Duhail contratou o treinador para ser o substituto de Hernán Crespo.
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Amanda Alvarez aprendeu com o seu pai todas as regras do futebol. Podia ser árbitra, se não tivesse escolhido o Jornalismo com ênfase em cobertura esportiva. Esteve nas Copas do Qatar e da Rússia, repercutindo o Mundial de Futebol para o público brasileiro. Torcedora do Santos, é súdita do Rei Pelé e Lucas Paquetá.