Os dois gols marcados por Neymar na goleada do Brasil sobre a Bolívia por 5 a 1, na estreia das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2026, repercutiram como um recorde batido, ultrapassando a marca do Rei Pelé. No entanto, especialistas do futebol afirmam que, na verdade, as coisas não são bem assim.
Golpe de Marketing
Segundo a FIFA, Neymar passa agora a ser o maior artilheiro da história da seleção brasileira em jogos oficiais, com 79 gols, em 125 partidas. Pelé, que faleceu em dezembro de 2022, marcou 77 gols em 91 jogos oficiais.
Apesar do anúncio, essa contagem de gols estaria sendo feita de forma tendenciosa, desconsiderando, por exemplo, gols em amistosos- o que não deixa de ser um evento oficial da entidade. Dessa forma, Pelé segue sendo o maior artilheiro da história da seleção, com 95 gols em 113 jogos.
Mauro com a boca no trombone
Mauro Cezar Pereira, jornalista e comentarista esportivo famoso pela pouca paciência e língua afiada, criticou a transmissão da Globo pelo fato de não ter mencionado o contexto histórico. Ele publicou seu descontentamento no Twitter:
“Pelé fez 95 gols pela seleção brasileira em 113 jogos, média de 0,84 por cotejo. Se a FIFA não considera os tentos marcados em jogos contra clubes e seleções estaduais, comuns nos tempos dele, foda-se! Neymar chegou a 79 em 125 partidas, bela média de 0,63. Mas sem comparação”
Tendo em vista a grande quantidade de Neymarzetes dispostos a defender seu ídolo nas redes, Mauro se viu obrigado a adicionar mais um comentário, como modo de defender-se dos costumeiros ataques:
“O post acima não menospreza a marca de Neymar, como analfabetos funcionais tentam ‘interpretar’. Apenas tenta deixar claro que a marca de Pelé é superior ao número repetido friamente na transmissão do jogo, ignorando o contexto histórico. Um desserviço, desrespeito com o ‘Rei’“, escreveu Mauro Cezar.
Renato Prado pegou ar
Renato Maurício Prado, ex-jornalista da SporTV, tampouco concorda com o dito recorde, fazendo uma clara alusão à forma parcial com que a contagem foi feita, denunciando a tendência em atribuir a Neymar um poder maior do que realmente lhe convém.
“Sabe o que esse recorde quer dizer, né? Nada. Quantas vezes jogou a Seleção com o Pelé e quantas vezes jogou com o Neymar? A gente gosta de inventar número para criar monstro. Comparar o Pelé com Neymar, seja por estatística ou o que for, é uma aberração”, disse Renato, em live do UOL.
Fundação Pelé
Apesar do imbróglio, a Fundação Pelé fez questão de reconhecer o feito anunciado pela maior emissora do Brasil, e desejou parabéns ao “recorde” de Neymar. De fato, essa comparação é bastante complexa, apresentando dualidade na argumentação. Pelé jogou em um outro contexto, numa época em que havia maior quantidade de jogos amistosos e menos craques da bola. A cultura futebolística do Brasil, portanto, se sobressaía facilmente. Hoje, Neymar lida em um mundo cujo futebol é a principal modalidade esportiva, para a maior parte dos países, estando a cultura da bola instaurada. Não é difícil, portanto, que haja tantos craques como ele, e que as Seleções sejam muito mais osso duro de roer, em comparação às de sessenta anos atrás.
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Henrique Neves é antropólogo por formação, mas esportista por natureza. Apaixonado por vôlei, aprendeu a jogar ainda pequeno. Escreve sobre esportes e ama praticar esportes radicais. É formado em Comunicação pela PUC-Rio. Fã de Vinicius Jr, torce pelo Flamengo.