EXEMPLOS MELHORES
A coluna por diversas vezes teceu críticas ao modelo de negociação dos direitos de transmissão adotados na Série A do Campeonato Brasileiro. Não há sentido vender uma liga por clubes, em vez, do torneio. O mesmo vale para as Eliminatórias Sul-Americana. Imagine se isso fosse, por exemplo, em uma Copa do Mundo. O Canal A tem direito a 30 seleções e outras 2 não entrariam em acordo. E mais, são justamente são essas duas que estão na final… uma copa no escuro. Assim acontece com os jogos do Athletico Paranaense no brasileiro, sem contrato com o pay-per-view, 38 jogos não são mostrados e poucas vezes aparece na televisão aberta.
O modelo adotado no Brasil vem desde 2011, quando a RedeTV! levou os direitos do torneio nacional e o grupo Globo começou a negociar individualmente os contratos. A ação levou o Clube dos 13 a extinção. Ele perdeu sua função porque a única coisa que fazia, e mal, era a gestão dos direitos de transmissão. Se o C13 lutasse pela liga, ainda estaria vivo e hoje mais competitiva. Recordar é viver. Ainda, se hoje a Globo reclama (com direito) da postura do Athletico e força sobre ele, foi este mesmo grupo que deu início a este tipo de negociação.
Albio Melchioretto albio.melchioretto@gmail.com @professoralbio |
O modelo adotado por aqui não é único no mundo. Dos grandes torneios, a Liga MX (México) e a Primeira Liga Nos (Portugal) também seguem nesta lógica inoportuna. Em Portugal, 17 clubes possuem contrato com o canal SportTV e o Benfica o faz através de canal próprio, a BenficaTV. Entretanto, o que vale em Portugal é o direito de Arena, coisa que não tempos por aqui. O direito pertence ao mandante.
Há um grande problema no modelo individualizado. Nos primeiros anos de prática ele gera uma renda maior aos clubes envolvidos. Inflaciona o mercado. Os grandes conseguem bons contratos e os menores sofrem. Aconteceu tanto em Portugal quando no Brasil. O problema que os lusitanos já perceberam, o que aqui no Brasil demorou-se para tal, mas há se sentir, é a perca de interesse pelo produto e menor exposição da mídia. Com o passar do tempo o interesse midiático volta-se para os envolvidos com contrato em maior grau e para os não envolvidos em grau menor.
O caminho que a Liga Portuguesa de Futebol Profissional parece seguir é a centralização da comercialização do torneio, evitando a disparidade financeira (hoje gira em torno de 15:1), e uma exposição menos desigual na mídia. O primeiro passo é uma mudança na legislação, forçando uma venda coletiva. Se pensar o Brasil, é um medida contrária a famigerada MP do Flamengo. Segundo João Paulo Rebelo, secretário do esporte de Portugal, para o Máquina do Esporte, “um modelo centralizado proporcionaria um campeonato muito mais competitivo, de acordo com o que acontece em toda a Europa”.
Enquanto isso por aqui…
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Henrique Neves é antropólogo por formação, mas esportista por natureza. Apaixonado por vôlei, aprendeu a jogar ainda pequeno. Escreve sobre esportes e ama praticar esportes radicais. É formado em Comunicação pela PUC-Rio. Fã de Vinicius Jr, torce pelo Flamengo.