O FUTEBOL BRASILEIRO ESTÁ ARROGANTE?
A primeira semana do ano é complicada para acompanhar o noticiário esportivo. As intermináveis mesas redondas trazem especulações demais, análise de menos, e muitas brincadeiras sem sentido. Diante de todo contexto, vejo uma certa arrogância jornalística – sem generalizar – ao apontar no papel que alguns elencos são mais fortes que outros. A primeira força, a segunda e por aí vai… e sabemos onde a quarta força já chegou! São análises, a princípio, rápidas, desprovidas de números, de ações que se pautam apenas no “auto-achismo”. Indignado com as inrreflexões, fui ao ciberespaço buscar informações sobre uma determina manchete e encontrei no site Trivela uma indicação para o documentário O Brasil e a Copa do Mundo: a arrogância futebolística, dirigido por Paulo Henrique Gomes e orientado por Carlos Alberto Tourinho. Acompanhe no player no final da coluna.
O documentário, simples, mas profundo, tem duração de 22 minutos e apresenta uma série de conversas com profissionais da imprensa. Todos nomes conhecidos: Bruno Formiga, Vitor Sérgio Rodrigues, Tim Vickery, Leonardo Bertozzi, Bruno Vicari, Mauro Cézar Pereira, Mário Marra e Felipe Rolim. O documentário conta com quadros blocos, mas discute, a luz da Copa do Mundo da Rússia-18, a arrogância da análise esportiva na Copa. Ele foi postado nos últimos dias de 2018. Mas é muito bom para ler os argumentos a luz do ano inteiro, pois as análises ali apresentadas transcendem tranquilamente a Copa. Espaços como o YouTube são ótimos para encontrar materiais alterativos para pensar questões como esta.
O que fica evidente em todas as falas é uma crítica direta, e por mim certeira, a maneira comercial como o futebol é vendido ao torcedor. Canais que apresentam, mais do mesmo, um olhar do esporte pela maneira rasa e simplista das análises. Ou ainda, uma denúncia de jornalistas que se portam como a voz da torcida, com falas gerais que demonstram uma ignorância coletiva em vez de apresentar fatos e números. Entretanto, que há a critica, existe também o reconhecimento que o público pode não estar sedento por um posicionamento mais crítico. Existem os dois lados. Embora, tenha por diversas vezes, neste espaço, defendido posicionamentos mais informativos e reflexivos e menos rasos. Não formaremos torcedores sérios sem uma proposição séria, mas há intenção de formá-los? Recomendo a visualização dele.
O documentário, como dito, fala de Rússia-18, mas as críticas à imprensa, cabem muito bem as intermináveis mesas redondas que discutem mercado. Jornalistas que se postam como voz da torcida evidenciando uma ignorância sobre jogadores. Só um para exemplificar: a possível volta de Vagner Lóve. Falam dele da última passagem por aqui, ignorando o passar dos anos, a temporada no futebol turco e o atleta como um todo, considerando que todos os elencos são os melhores do mundo.
Pelo visto, uma das frases de Vitor Sérgio Rodrigues, do documentário, faz muito sentido, “jornalista não gosta de ver futebol, gosta de falar sobre futebol…”
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Henrique Neves é antropólogo por formação, mas esportista por natureza. Apaixonado por vôlei, aprendeu a jogar ainda pequeno. Escreve sobre esportes e ama praticar esportes radicais. É formado em Comunicação pela PUC-Rio. Fã de Vinicius Jr, torce pelo Flamengo.