A notícia do encerramento do canal Esporte Interativo na TV também foi recebida com surpresa pelo mercado publicitário, segundo o Meio&Mensagem, por Bárbara Sacchitiello. Profissionais de mídia ouvidos pela repórter demonstram compreender a estratégia da programadora, mas ainda carregam diversas dúvidas em relação ao destino da marca e às novas janelas para suas soluções de publicidade.
“Acredito que a notícia deve ter pegado a todos de surpresa, por isso é difícil fazer uma avaliação detalhada em curto prazo. Mas em primeiro momento, vejo de forma positiva. Desta forma, conteúdo e audiência acabam se concentrando e tendem a ter melhores resultados”, analisa Thiago Ferraz, diretor-geral de mídia da Lew’LaraTBWA.
O profissional conta que já tem reuniões marcadas com a Turner para discutir o destino dos contratos comerciais mantidos com o canal esportivo. A expectativa em relação às negociações, no entanto, é positiva. “Estou seguro de que não teremos um impacto negativo nas entregas dos pacotes que temos negociado com os clientes junto ao EI”, aposta Ferraz. Com a ausência do canal na TV, os anunciantes do canal terão de migrar para as transmissões do Space e TNT, em soluções comerciais que serão redefinidas entre veículo, agências e a anunciantes.
Na opinião de Herbert Gomes, diretor de grupo de mídia da Talent Marcel, os contratos publicitários atuais do EI deverão migrar para outras plataformas. “Cada agência e cliente deverão conversar com a Turner e fazer essa adaptação de formato e envolvimento sem prejudicar o retorno da audiência já estabelecido pelo canal e que foi pensando quando escolheram a plataforma do Canal Esporte Interativo”, explica. Assim como o profissional de mídia da Lew’LaraTBWA, Gomes também acredita que a estratégia pode ser vencedora em termos de audiência, mas alerta para algo que, em sua visão, merece atenção. “A grande perda (e onde devemos ter um grande cuidado) é a Copa do Nordeste, um produto com grande relevância, mas que deve ter uma solução favorável para os anunciantes do projeto em exclusivo”, destaca o profissional da Talent Marcel.
Já Paulo Queiroz, ex-presidente da DM9 e profissional com mais de três décadas de atuação na mídia não vê elementos positivos na decisão da Turner. “Vejo com preocupação esse movimento pois certamente foi uma decisão fria e focada em questões financeiras. O movimento pode gerar outros similares nesta cadeia de valor. Acima de tudo, lamento que uma marca tão bem idealizada e estruturada como o Esporte Interativo sofra esse revés”, critica.
Apesar de compreender a linha de raciocínio da Turner de concentrar o conteúdo em dois canais, o fundador da PQ Consultoria não acha que a saída é positiva. “Não acredito no conceito de canais com programação variada na TV Paga. É justamente essa natureza especializada dos canais por assinatura que os torna tão especiais”, diz. Queiroz também questiona se, mesmo tendo uma marca forte junto aos fãs, o Esporte Interativo continuará tendo esse valor restringindo sua existência apenas aos canais digitais.
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Henrique Neves é antropólogo por formação, mas esportista por natureza. Apaixonado por vôlei, aprendeu a jogar ainda pequeno. Escreve sobre esportes e ama praticar esportes radicais. É formado em Comunicação pela PUC-Rio. Fã de Vinicius Jr, torce pelo Flamengo.