Algumas vezes, neste mesmo espaço, declarei publicamente quais são os dois canais esportivos de minha preferência. Como também já deixei evidente minhas escolhas e posicionamentos políticos. Hoje, tomo liberdade de tecer críticas a um dos canais de minha preferência. Na final da Champions, André Henning dispara: “o Esporte Interativo assinou com quinze enormes clubes de nosso país para o Brasileirão de 2019. E o torcedor sabe, chegou a hora da mudança no futebol brasileiro. Em nome de todos a gente agradece o apoio, inúmeras mensagens que a gente recebe de você torcedor. Torcedor de todas as equipes. Até daqueles clubes que não assinaram conosco. Muito obrigado pela confiança. Estamos juntos para mudarmos o futebol brasileiro. Chegou a hora. E como diria aquele, 2019 é logo ali!”
O editorial intra-narração me fez desenhar algumas perguntas e vou transcrevê-las: os canais EI a partir de agora farão política do esporte ao invés de transmitir pelejas? São promotores de transformações e mudanças? Vão re-organizar todo o calendário futebolístico? Irão promover futebol ao longo de todo o ano para os pequenos clubes? Conseguirão deixas os campeonatos menos deficitários? Coordenarão a CBF eliminando aquela corja de sanguessugas? Implantarão gestão profissional dos clubes? Ou “apenas vão transmitir uma pequena fatia de jogos?
Albio Melchioretto – colunista do esporteemidia.com albio.melchioretto@gmail.com @amelchioretto |
Abomino a ideia de exclusividade, mas é preciso ter claro que o canal assinou com um punhado mínimo de times e até agora não vejo garantias de que sua cobertura terá um diferencial. Se tomarmos a Champions como referência fico receoso. Ao ouvir pela primeira vez o propagandear da mudança até é bonitinho, há um tom utópico, mas na segunda vez que ouço já me parece fanfarrice. Transmitir não é mudar. Transmitir é apenas mostrar um jogo. Os canais do grupo Turner querem vender um negócio ou uma ideologia? Continuo a criticar quando penso a iniciativa do falecido Esporte Interativo Nordeste. Com a mudança de nomenclatura para EI Maxx o que ficou daquela proposta? Alguns estaduais ficaram escondidos no canal 2, para poucos assinantes. Somente alguns jogos foram mostrados. As rodadas foram retalhadas. Vide a quantidade de jogos do Maranhense, do Piauiense, do Alagoano e do Sergipano que foram mostrados. Se apoiar mudanças é fazer isto, me sinto confuso. E diversas vezes ouvi que o finado canal iria revolucionar e valorizar o futebol do Nordeste. O que vi, com o passar das temporadas, foi apenas uma valorização de negócios.
Televisão é negócio. Fazer esporte é negócio. Não há problema nisso. O problema está na imagem que o canal quer vender. O discurso messiânico de salvação do futebol é patético. Não seria mais digno deixar claro o modelo de negócios escolhido?
É muito fácil criticar a Globo pelas mudanças na tabela de horários do Brasileirão. Seguindo o que foi noticiado aqui no Esporte e Mídia, 79% das alterações foram a partir de pedidos da Globo. Afinal, “a gorda” dá motivos para isto, e ao criticar os canais Esporte Interantivo não estou defendendo a Rede Globo e seus interesses. O modelo de negócio de futebol adotado pelos canais aqui no Brasil, e na América do Sul, não são benéficos para a construção de um futebol de melhor qualidade. O que me deixa incomodado é o fato de alguém levantar a bandeira de ser diferente e quando está com a mão no bolo faz exatamente igual, quando tem chance de mostrar uma virtuade, joga com a opinião do público enaltecendo mudanças, porém, reafirma vícios.
Aposta nas melhores casas de apostas do dia 02 de Dezembro 2024
Henrique Neves é antropólogo por formação, mas esportista por natureza. Apaixonado por vôlei, aprendeu a jogar ainda pequeno. Escreve sobre esportes e ama praticar esportes radicais. É formado em Comunicação pela PUC-Rio. Fã de Vinicius Jr, torce pelo Flamengo.