Vivemos tempos difíceis em nossa sociedade. A diversidade e a pluralidade de pensamentos têm criado grupos dissonantes e há uma linha tênue entre a opinião e a intolerância. Principalmente a religiosa.
Hoje há uma infinidade de religiões, seitas e igrejas, deixando bem à vontade cada pessoa para proferir e seguir àquilo que bem entender. Ou nada disso, se quiser também. Um país que se propõe ser democrático como nosso e que foi criado com base nessa miscigenação ainda engatinha e não parece saber como lidar. Há uma corrente que puxa para um lado e esse lado, tem mais atenção da mídia. O lado que discorda é visto como ameaça e esse ponto de vista desrespeitado sempre são levados a um nível exagerado de entendimento.
Mas e o esporte?
Esse preâmbulo, caro leitor, serve para que possamos comentar sobre a última coluna de Juca Kfouri, no seu blog no UOL, logo após a conquista da Champions League pelo Barcelona, destilando mais um pouco da sua gigantesca intolerância religiosa e sua perseguição desmedida, apontando dessa vez para Neymar.
Após o apito final forçado pela comemoração do seu gol, Neymar tirou sua camisa e colocou uma faixa na cabeça com a inscrição “100% Jesus”. Juca Kfouri se achou no direito de dizer que esse tipo de atitude deveria ficar no íntimo. Então me acho também no direito de dizer que Juca Kfouri, ateu confesso, perdeu uma gigantesca oportunidade de ficar calado.
Em suas poucas linhas, ele cita que os derrotados também podem ter Jesus. De fato. Mas isso não impede Neymar ou qualquer outro jogador de extravasar como bem entender. É comum em comemorações ou vitórias, jogadores usarem camisas com inscrições religiosas ou fazê-lo em suas entrevistas. Isso não diminui o talento, o jogo ou o adversário.
Ao reclamar e cornetar tal atitude, Juca Kfouri apenas repete o que fez durante a Copa de 2010, quando perseguiu Kaká em diversas colunas e programas esportivos até que o próprio jogador, de maneira corajosa, numa entrevista coletiva, disse a André Kfouri que já era hora do pai do jornalista parar com tais comentários e perseguições, respeitando-o e analisando-o apenas dentro de campo, o que deixou de ser feito.
Sendo assim, neste momento em que a sociedade vive nesta linha tênue, o mínimo que o jornalista esportivo pode fazer é dar ênfase ao esportivo ou se quer discordar, escancarar a sua motivação e não camuflá-la.
Até a próxima e não deixe de comentar se concorda ou discorda e o motivo, claro.
Alipio Jr. – colunista do esporteemidia.com
@alipiojr
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Henrique Neves é antropólogo por formação, mas esportista por natureza. Apaixonado por vôlei, aprendeu a jogar ainda pequeno. Escreve sobre esportes e ama praticar esportes radicais. É formado em Comunicação pela PUC-Rio. Fã de Vinicius Jr, torce pelo Flamengo.