Na terça-feira passada, 24, estreou o novo cenário do Bola da Vez, da ESPN. Ao acompanhar o programa lembrei-me do pensador Stuart Ball que ao sinalizar sobre os discursos afirma que “nenhum discurso pode ser compreendido fora das relações materiais que o constitui”. Justamente sobre as relações matérias que se cruzam nas quatro linhas são/estão construídos os discursos que permeiam o futebol e muitas vezes estes discursos são ignorados, pois são poucos os programas na mídia brasileira que dão espaço para tais discursos. Semana passada comentei sobre os programas de falatório, porém são raros os programas de discurso. Acredito que exista uma diferença entre discurso e falatório.
O programa do canal ESPN Brasil estreou um novo formato e um novo cenário. Mantém a estrutura, um sabatinado e sabatinadores. O que diferencia da versão antiga é o espaço dado ao convidado, aumentado significativamente o espaço para exposição das ideias e para construção do discurso. Aqui consiste a diferença entre o discurso e o falatório. O convidado tem espaço para divagar e falar. Os perguntadores, mais contidos, fogem do princípio da sufocação por perguntas, há uma construção de fato e não um sensacionalismo de resposta, nem trocentos convidados para cinco minutos de programa. Um mesa em “L” favorece a conversa, a exploração das ideias que podem ir além do trivial. Muitos dos programas diários de esporte focam no trivial e nada exploram. O sucesso do programa depende muito da escolha do entrevistado. Para a estreia Tite fora o personagem fundamental. O programa soube explorar o lado humano e os bastidores da ‘Titemetodologia’ de liderar equipes.
Vivemos uma enxurrada de informações, notícias aos montes, telas poluídas com informações e placares com adendos. O Bola da Vez apresenta um visual limpo com espaço para discursos mostra ser uma alternativa inteligente. Tenho receio que tal formato não dure muito tempo na televisão. A popularização do serviço de televisão por assinatura transformou formatos, segmentação além de silenciou posturas mais politizadas. O que é apresentado pela ESPN pode ser uma exceção à briga pela audiência. Resta saber se o canal terá paciência para tal formato, já que destruíra iniciativas semelhantes. A resposta apenas o tempo dirá.
Eu gostei no “novo” Bola da Vez, e você?
Albio Melchioretto – colunista do esporteemidia.com
albio.melchioretto@gmail.com
@amelchioretto
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Henrique Neves é antropólogo por formação, mas esportista por natureza. Apaixonado por vôlei, aprendeu a jogar ainda pequeno. Escreve sobre esportes e ama praticar esportes radicais. É formado em Comunicação pela PUC-Rio. Fã de Vinicius Jr, torce pelo Flamengo.