O jornalista Cosme Rímoli, que mantém um blog no R7, publicou um longo post no final da manhã desta quarta-feira (10) no qual afirma que a reunião que Paulo Vinicius Coelho (PVC), e outros jornalistas, teve com a Comissão Técnica da Seleção Brasileira durante a Copa do Mundo, teria sido decisiva na sua troca de emissora. Como se sabe, PVC (foto) deixou a ESPN e estreia em janeiro no FOX Sports.
Segundo Rímoli, Felipão, Parreira e o chefe de imprensa da CBF na época, Rodrigo Paiva se convenceram que a “reunião entre os veículos mais influentes do país, mostrando as dificuldades da Seleção, ganhariam o apoio de um seleto grupo. E eles influenciariam os demais. Decidiram por seis nomes. Apostavam que os demais 694 jornalistas que estavam diariamente na Granja Comary iriam a reboque”.
Participaram da reunião, Fernando Fernandes da Band, Oswaldo Paschoal do FOX Sports e Rádio Globo, Juca Kfouri do UOL, Folha, ESPN e CBN, Luis Antonio Prósperi, do jornal Estado de São Paulo, Carlos Eduardo Mansur de O Globo e PVC da ESPN e Folha.
Ainda seguindo o relato do blogueiro, o que deveria ser segredo, durou dez minutos. As queixas e os pedidos da Comissão Técnica para que fossem melhor compreendidos estavam dez minutos depois em sites. “A reunião foi um tiro de espingarda na cabeça de Felipão e Parreira. Os dois descobriram que os 694 jornalistas excluídos ficaram ainda mais ácidos, mais exigentes em relação ao time. E que nada do que os sexteto falou em favor da Seleção teve importância. Pelo contrário. Ficaram marcados injustamente como ‘amigos de Felipão’. Injustamente porque foram convocados. E todo jornalista que recebesse o mesmo convite aceitaria. Como recusar conversar abertamente com o treinador do Brasil durante uma Copa?”, escreveu.
Para Rímoli, o mais incomodado desse encontro foi PVC. “Muito gentil, ele foi cercado por jornalistas que não participaram do encontro. Tentou de todas as maneiras explicar o porquê de ter aceito conversar com Felipão, já que ele era um dos críticos mais ferrenhos da Seleção. A ESPN como um todo alertava como o Brasil estava mal. Era o veículo que mais questionava o trabalho de Felipão. De repente, PVC virou, sem perceber, o escudo de Felipão na emissora. Continuou crítico, mas procurava explicar o outro lado que conheceu de forma privilegiada. Os embates entre ele e seus companheiros, ao vivo, ficaram vários tons acima do normal. Juca, mais vivido, não comprou essa briga. Até que vieram os fracassos diante da Alemanha, os 7 a 1 e derrota por 3 a 0 contra a Holanda”, publicou.
O blogueiro do R7 disse que encontrou PVC depois dos 7 a 1 que o Brasil tomou no Mineirão. “O cumprimentei e lamentei o resultado. Parecia que o havia provocado. Ele passou dez minutos justificando o que havia acontecido. Criticava a postura brasileira, mas estava abalado. Agia como se o mundo o considerasse também membro da Comissão Técnica. O tranquilizei, brinquei. E recebi de volta um abraço de agradecimento. E, agitado, falou com outros jornalistas sobre a goleada. Hoje percebo o quanto ele estava desgastado emocionalmente. O quanto fez mal para PVC ter participado daquela reunião”, escreveu.
Para Rímoli, “tudo ficou pior quando, no dia 10 de julho, após os massacres da Alemanha e da Holanda, ele [PVC] assume a informação que a tendência da CBF era manter Felipão e Parreira. Deu a notícia direto da Granja Comary, com o microfone da ESPN. O que provocou mais debates acalorados na emissora. Apesar de ser mero mensageiro, para muitos, era como se PVC defendesse a manutenção. Apesar de a ‘tendência não se confirmar’, houve mais desgaste do comentarista”.
Para o blogueiro, não foi a oferta financeira, nem a questão da Liga dos Campeões e nem a mudança de filosofia do canal que tirou PVC da ESPN. “Percebi que PVC mudou profundamente após a Copa. Depois daquela bendita reunião. Embora sei que adore seus companheiros de 14 anos de emissora, nunca mais o senti à vontade nos debates. Acompanho muito de perto a ESPN há anos. Sei que não houve um boicote ou algo parecido. Sua independência jornalística nunca foi questionada. O respeito dos colegas não se alterou. A reação partia dele. Depois do Mundial nunca mais foi o mesmo. O desconforto, a acidez com que defendia seus pontos de vista aumentaram. A ponto de espantar quem é fã dos muitos debates que emissora faz. Os sorrisos de PVC se tornaram raros”, publicou.
Para ele, “Parreira, Rodrigo Paiva, Scolari, Murtosa tinham uma meta. Se salvar, buscar apoio na reunião com seus jornalistas de confiança. Não poderiam imaginar que tudo o que conseguiriam de prático seria um divórcio inimaginável. Fazer PVC trocar a ESPN pela Fox Sports”.
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Henrique Neves é antropólogo por formação, mas esportista por natureza. Apaixonado por vôlei, aprendeu a jogar ainda pequeno. Escreve sobre esportes e ama praticar esportes radicais. É formado em Comunicação pela PUC-Rio. Fã de Vinicius Jr, torce pelo Flamengo.