Na manhã desta segunda-feira, uma entrevista coletiva foi concedida por Mané de Oliveira (foto), comandante esportivo da TV Brasil Central e pai do comentarista Valério Luiz, assassinado na última quinta-feira. De acordo com relatos no Twitter do jornalista Cleuber Carlos, Mané pediu ajuda da imprensa e dos usuários das redes sociais para cobrar das autoridades a busca pelo criminoso e disse que não acusaria ninguém e que o verdadeiro bandido não foi o executor de seu filho e sim quem mandou matá-lo.
Mané também disse não saber de outra desavença que não fosse a recente com o Atlético/GO (que proibiu entrevistas à Jornal e à PUC TV devido a comentários de Valério) e desafiou qualquer pessoa a apresentar outra justificativa para o crime. Chamou o mandante de covarde por não ter coragem de encarar o comentarista de frente e disse que avisaram Valério de que sua carreira acabaria.
Mané – que não diz de quem suspeita por falta de provas – prometeu dedicar cada hora de sua vida para encontrar os assassinos.
ATUALIZAÇÃO (17h36): De acordo com A Redação, Mané de Oliveira disse na entrevista não ter dúvida de que o crime foi encomendado. O jornalista explicou que, desde o dia do crime está sendo medicado para conseguir dormir e não tem tido contato com a polícia. “A partir de amanhã volto a trabalhar normalmente e tudo o que eu ficar sabendo a imprensa e os fãs de Valério também saberão”, pontuou.
Perguntado sobre a motivação do crime, Mané disse acreditar que a morte do filho, muito provavelmente, teria sido causada pelo jeito polêmico de Valério, “esse era o único defeito do meu filho: seu estilo agressivo de dizer exatamente o que todos os outros cronistas diziam”. O jornalista explicou que não conhece nenhum atrito concreto do filho e pediu para que possíveis testemunhas se manifestem. “Quem souber de alguma coisa que possa ter culminado na morte do meu filho, peço que entrem em contato com a polícia. Precisamos de pistas”, disse Mané.
Mané foi abordado por colegas jornalistas que colocaram em pauta algumas especulações relacionadas ao crime. Hipóteses relacionadas à existência de uma suposta amante e de um agiota foram descartadas pelo apresentador. Outras possibilidades como o envolvimento de uma emissora goiana no caso não foram comentadas por Mané, que repetiu por diversas vezes que “as investigações ficarão sob responsabilidade da polícia”.
Mané explicou que corre um boato nos meios esportivos de que Valério seria obrigado a abandonar a profissão. “Não sei quem disse, se soubesse falaria”. Perguntado sobre a denúncia que fez ao lado do carro de Valério, antes mesmo do Corpo de Bombeiros chegar ao local, Mané explica que foi um desabafo de pai. “Foi desespero”.
Mané voltou a citar o desgaste que Valério teria tido com o Atlético/GO. Segundo o jornalista, o filho teria feito um comentário “exagerado” quando dois dirigentes do clube foram afastados justamente no momento em que o time passava por uma fase difícil por ainda não ter vencido na Série A do Campeonato Brasileiro, figurando na lanterna da competição. O cronista falou no ar que “quando o navio está afundando os primeiros a sair do porão eram os ratos”.
Mané contou que o clube mandou um ofício assinado pelo presidente, vice-presidente e coordenador do time, pedindo a “cabeça” de Valério. “Eles disseram que, ou as emissoras mandavam meu filho embora, ou elas estariam proibidas de entrarem nas sedes. Eu não entendo de crime, mas entendo de futebol e isso não é futebol”, se emociona Mané. A assessoria de imprensa do Atlético informou que o clube lamenta o fato e comunicou que as acusações são irresponsáveis. O clube justificou que a medida de afastamento da Rádio Jornal 820 AM e PUC TV da cobertura do clube foi motivada pelas fortes críticas de Valério Luiz.
Mané contou aos jornalistas que conversou com o filho dias antes do assassinato e que Valério falou rapidamente sobre o comentário feito em relação ao Atletico. “Eu disse para o meu filho – você já está arrumando encrenca Valério? Deixa isso pra lá”. O jornalista disse que não se preocupou pois o “mundo do futebol é assim. Um dia a gente se critica, no outro se abraça. E isso não é semvergonhice como muitos dizem: é esportividade”. Mané se emocionou durante muitos momentos ao longo da coletiva e repetia sempre que podia: “O futebol levou a vida do meu filho”.
Mané se comprometeu a voltar a realizar suas atividades profissionais devagar. “Tenho 40 empregados na TV Brasil Central, outros 18 aqui no clube, além da minha família que depende de mim. Não posso abandonar o barco agora”.
Sobre uma possível retaliação ao Atlético, Mané explicou que o time não pertence à diretoria e por isso não pode ser punido. O jornalista disse que continuará fazendo a cobertura dos acontecimentos que envolvem o time. “Se depender de mim o Atlético não será rebaixado”.
Confira abaixo vídeo da coletiva de Mané de Oliveira.
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Henrique Neves é antropólogo por formação, mas esportista por natureza. Apaixonado por vôlei, aprendeu a jogar ainda pequeno. Escreve sobre esportes e ama praticar esportes radicais. É formado em Comunicação pela PUC-Rio. Fã de Vinicius Jr, torce pelo Flamengo.