O futebol feminino no Brasil cresce, mas enfrenta desafios significativos. Enquanto 63,8% dos meninos sonham em ser atletas profissionais, apenas 34% das meninas compartilham desse objetivo. Esse dado reflete as dificuldades que as mulheres ainda enfrentam no esporte, principalmente por questões culturais e falta de apoio.
Uma pesquisa realizada pela Centauro e o Grupo Consumoteca revelou dados que destacam esses problemas e apontam a necessidade de uma mudança na forma como o futebol feminino é tratado.
A visibilidade das atletas: Um grande desafio
A falta de reconhecimento é um dos maiores obstáculos. A pesquisa mostra que 87% das pessoas lembram de Marta, mas apenas 17% mencionam Cristiane Rozeira e apenas 5% citam Megan Rapinoe.
No futebol masculino, a lembrança das escalações é muito mais ampla. A narrativa sobre o esporte feminino precisa ser mais inclusiva, mostrando mais jogadoras e equipes, não só as estrelas isoladas.
Além disso, a hipersexualização das atletas é outro ponto crítico. 20% das entrevistadas consideram esse o maior desafio. O público vê as mulheres em dois extremos: ou como masculinizadas ou hipersexualizadas. Esse estereótipo afeta a autoimagem das jogadoras, com 61% dos brasileiros acreditando que elas são pressionadas a manter um corpo ideal para o esporte.
Superando barreiras e mudando a narrativa
Outro dado relevante da pesquisa mostra que 41% das mulheres foram incentivadas a praticar esportes na infância, contra 63% dos homens. Isso reflete a ideia de que o esporte não é “para meninas“, o que limita o acesso delas ao mundo esportivo.
Contudo, o interesse está crescendo. 78% das mulheres planejam acompanhar os Jogos Olímpicos de 2024, um aumento em relação a 29% em 2021. As mulheres estão buscando ser parte dessa narrativa, tanto como espectadoras quanto como praticantes.
A nova rota para o futebol feminino
Para que o futebol feminino cresça e seja mais respeitado, é essencial mudar a narrativa. As mulheres não querem ser vistas apenas como “guerreiras” que precisam superar desafios extra.
Elas buscam um ambiente mais leve e inclusivo, onde o futebol seja mais sobre diversão e menos sobre pressão. Isso inclui mais espaço para conteúdos que abordem o esporte de forma mais positiva e diversificada.
A mudança deve vir não só no tratamento das atletas, mas também no reconhecimento de suas conquistas dentro e fora de campo. O futebol feminino tem um grande potencial, e para que ele cresça, é fundamental que a representatividade e o respeito pelas atletas sejam ampliados.
Henrique Neves é antropólogo por formação, mas esportista por natureza. Apaixonado por vôlei, aprendeu a jogar ainda pequeno. Escreve sobre esportes e ama praticar esportes radicais. É formado em Comunicação pela PUC-Rio. Fã de Vinicius Jr, torce pelo Flamengo.