Com uma despedida aos 97 anos, na última quinta-feira (03), Cid Moreira deixou um legado na televisão brasileira que transcende o jornalismo. Reconhecido por sua voz inconfundível, ele também teve passagens importantes pelo esporte, gravando momentos que continuam vivos na memória dos brasileiros. Do bordão “Jabulaaaaani” à paixão pelo Botafogo, Cid imprimiu sua personalidade e autenticidade em cada narração, assumindo o posto de referência nacional.
A voz que imortalizou bordões
A trajetória de Cid Moreira no esporte pode não ter sido central em sua carreira, mas foi marcante. Durante a Copa do Mundo de 2010, disputada na África do Sul, ele se tornou um dos protagonistas fora dos campos ao popularizar a bola oficial da competição: Jabulani. Sua forma única de pronunciar o nome – “Jabulaaaaani” – durante as transmissões da TV Globo virou febre no Brasil.
Curiosamente, ele revelou em entrevistas que, na época, não sabia o significado da palavra, que vem do zulu e significa “celebrar”.
“Eu nem sabia o que era (Jabulani). Não imaginava que fosse repercutir tanto. Parece que está fazendo sucesso na internet também”, revelou.
Outro momento inesquecível na mesma Copa foi a associação do cantor britânico Mick Jagger com o “azar” das seleções que torcia. O cantor foi rotulado de “pé-frio“, e o bordão entoado por Cid com sua voz grave e inconfundível só aumentou a popularidade dessa brincadeira entre os torcedores brasileiros.
A conexão com o Botafogo
Apesar de ser mais reservado com a vida pessoal, Cid também teve sua relação com o futebol, particularmente com o Botafogo, seu clube do coração. Em uma entrevista ao Redação Sportv em 2010, ele explicou por que torcia para o time. O jornalista relembrou a época em que grandes nomes como Garrincha, Nilton Santos e Didi defendiam o clube.
“Eu realmente torcia para o Botafogo naquela época. Era um time com jogadores lendários”, disse Cid Moreira.
Entretanto, Cid também revelou que sua paixão pelo futebol diminuiu ao longo do tempo. Quando jovem, ele jogava futebol, mas afirmou que o excesso de esforço físico o afastou. Segundo ele, empurrões e cotoveladas durante as partidas acabavam lhe tirando o ânimo para continuar jogando.
Leitura bíblica no adeus à Chapecoense
Em 2016, Cid Moreira também esteve presente em um dos momentos mais tristes do esporte brasileiro. Durante o velório coletivo das vítimas do acidente aéreo da Chapecoense, ele foi convidado a ler uma passagem bíblica no gramado da Arena Condá. Cid escolheu o capítulo 13 da primeira epístola de Paulo aos Coríntios, que fala sobre o amor, emocionando todos os presentes e trazendo um momento de reflexão e consolo, em meio à grande tragédia.
O profeta dos gols e as vinhetas memoráveis
Ao longo dos anos, Cid Moreira também emprestou sua voz para diversas vinhetas esportivas. Uma das mais lembradas foi a do quadro “Profetas do Brasileirão”, exibido no Esporte Espetacular, da TV Globo. O quadro desafiava torcedores a prever os resultados dos jogos do Campeonato Brasileiro, e Cid gravava a vinheta com sua carismática e inconfundível entonação.
O jornalista que fez história
Nascido em 1927, em Taubaté, São Paulo, Cid Moreira iniciou sua carreira no rádio em 1944. Anos depois, ele migrou para a televisão, onde construiu sua carreira no Jornal Nacional, da TV Globo, programa que apresentou por 26 anos. Sua trajetória é cheia de momentos marcantes no jornalismo e nos seus encontros com o esporte. Cid Moreira era, acima de tudo, um contador de histórias, seja relatando notícias diárias ou narrando momentos especiais do esporte brasileiro.
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Tiara De Aguiar, baiana de Salvador, cresceu acompanhando futebol em família e sempre jogava como goleira nas aulas de educação física. Viveu quase uma década em Buenos Aires, onde nasceu seu amor pela seleção alviceleste e pelo San Lorenzo. Formada em Comunicação Social e Design, explorou a moda sustentável e descobriu talento para a gastronomia. Mas foi na mídia esportiva e na pesquisa sobre o universo do iGaming que encontrou uma forma de unir a paixão pelo esporte e a conexão com o mundo!