Comentarista cita Gilmar Rinaldi (coordenador de seleções da CBF) para discorrer sobre a figura do comentarista (Foto: Rafael Ribeiro / CBF/Divulgação) |
Vou falar de dois temas distintos e desconexos hoje. O primeiro deles será da figura do comentarista apresentando uma ponte entre Carlos Salvador e Gilmar Rinaldi e por segundo, um devaneio sobre a publicidade nos uniformes do futebol. Para falar do primeiro assunto, apresento uma pergunta recorrente neste espaço, qual a função do comentarista ou do articulador? Se ele existe, há algo que motiva a sua existência, o que parece um tanto óbvio. O comentarista, ou articulista, não foi criado a partir de espasmos poéticos de algum redator maluco, está para cumprir um papel. Penso que esta figura devesse ir além do visualizado de fatos e apresentar elementos provocadores. O comentarista/articulista é aquele que desmistifica o fato e faz o espectador/leitor rever algumas “verdades”, ora para desconstruir, ora para construir argumentos e falas. Penso que este, é o caminho, ou não se faz necessário. Não falo somente nas jornadas esportivas, mas de toda mídia informativa geral. Não gosto de telejornais sem comentaristas, de jornais sem colunistas, de rádios sem articulistas. É muito pobre.
Albio Melchioretto – colunista do Esporteemidia.com [email protected] @amelchioretto |
Construo a introdução para reforçar que o Esporte e Mídia está mais pobre. O “até logo” do Carlos Salvador anunciado na Coluna #101 nos deixa em falta. Faço aqui, publicamente, os votos de sucesso em seus projetos e dizer abertamente, que muitas vezes discordei, que outras tantas apoiei, mas em todas refleti nos escritos de sábado. Registro que desejo sucesso ao primeiro colunista do site. Valeu a pena acompanhar os seus escritos, pois, Salvador apresentava a habilidade de fazer pensar. Habilidade, que talvez, Gilmar Rinaldi, coordenador da seleção brasileira, não goste. Pensar deve ser algo muito “dolorido” para este ex-boleiro. Faço a acusação a partir da postura agressiva que Rinaldi assumiu diante dos comentários de Casagrande, no último Bem Amigos que esteve. Gilmar Rinaldi não aceitou as críticas sistemáticas a seleção feita pelo comentarista global. Pergunto se cabe aceitar ou não o que um comentarista fala? Você pode concordar ou apoiar, mas tudo está no campo da doxa (opinião). São olhares diferentes sobre um mesmo fato. Quantas vezes não concordei com o colega Salvador, e o contrário também, mas todas as vezes busquei reler inúmeras vezes até conseguir construir um argumento racional que permitisse expandir minha visão. Será que os dirigentes da seleçãozinha estão acima de qualquer discurso ao ponto de ignorar comentaristas, como Casagrande, e não refletir sobre as próprias práticas? Penso que a reflexão e a provocação são elementos fundantes no amadurecimento do ser humano. O colunista/articulador tem um papel importante, que é fazer pensar através das provocações para não cairmos num mundo pobre de ideias. A pobreidade de ideias é o espírito da seleção. Tão pobre, que sua preparação para a Copa América Centenário até agora é apenas nota de rodapé em diversas redações importantes
Porém, há algo que não é nada pobre, que o segundo foco de hoje, a exploração dos fornecedores de materiais esportivos. Prática que envolve cifras milionárias e move um mercado gigantesco. Ao tomar os quarentas clubes das duas principais divisões do Brasileirão, encontramos 18 fornecedores diferentes entre eles. A Umbro é a empresa que fornece a 15% dos clubes, é a maior fornecedora em camisas. De todos, apenas o Paysandu, está a fazer algo recorrente na Europa, bancar sua marca própria. O início do certamente nacional foi marcado por apresentações de camisas, trocas de fornecedores e marketing acerca disso tudo. Afinal foram 686 horas de exposição em televisão aberta, no ano de 2015, segundo o boletim do site Máquina do Esporte. Tempo de exposição é tempo de propaganda. A transformação do futebol em produto foi necessária para sua sobrevivência. O esporte que não está em evidência em mídia não atrai investidores, anunciantes e não terá dinheiro, basta ver o drama da maioria dos esportes olímpicos no Brasil. Uma lógica necessária diante do capitalismo esquizofrênico que vivemos. Os times que sabem explorar, o espaço de anuncio que a mídia oferece, conseguem transformar boas ideias em possibilidades extracampo que revertem em resultado no campo. Uma camisa, que outrora fora chamada de manto sagrado, hoje é um espaço para anunciar, um outdoor que vai aparecer na mídia e vai estar nas ruas. Do manto a um espaço de classificados. É negócio.
Seria um negócio ainda mais lucrativo se a gestão do futebol fosse mais profissional. E, para concluir, retomo uma frase de muitas colunas para provocar: por que não aprender com o modo americano de fazer esporte?
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Henrique Neves é antropólogo por formação, mas esportista por natureza. Apaixonado por vôlei, aprendeu a jogar ainda pequeno. Escreve sobre esportes e ama praticar esportes radicais. É formado em Comunicação pela PUC-Rio. Fã de Vinicius Jr, torce pelo Flamengo.